Lá estava o neto do Hadoumaru. O sol do meio dia fazia com que o garoto transpirasse mais do que o normal. Ele estava sem camisa e de frente para um tronco de árvore.
*Pô, pô...*
O barulho dos punhos se chocando contra a madeira fazia um barulho abafado. O braço se estendia na altura do ombro e o punho se chocava com força no alvo, no momento em que um braço voltava, o outro rumava ao alvo. Mantendo intervalos regulares e curtos entre um soco e outro. Depois de mais uma sequência, sentou-se de costas para seu inimigo de madeira. Pegando um cantil que estava próximo e bebendo um pouco de água, havia trazido um sanduíche e a agora o devorava rapidamente.
Katsuo estava cansado, mas, ainda tinha disposição para mais algumas horas de treino. Levantou-se e encarou a árvore piedosamente. Quando se preparava para socar a árvore novamente, sentiu uma mão tocar o teu ombro.
Ele arregalou os olhos, não havia escuta uma aproximação, nem nada do gênero. Se preparava pra virar e socar a cara do possível adversário, esperando que a face dele não fosse tão dura quanto a madeira que deixava os seus dedos roxos.
- Há uma missão para você. – disse o homem, a voz grave e rouca denunciava o sexo da pessoa que estava atrás do garoto.
O Sarutobi relaxou os ombros, virando-se e observando o jounnin pela primeira vez. O cara tinha cabelos negros e usava uniforme padrão, havia um par de lâminas de chakra presos a cintura.
“Elas são legais”. – pensou o garoto enquanto estendia a mão e pegava o pergaminho com um grande “D” carimbado.
- É urgente. – disse o homem antes de desaparecer num redemoinho de folhas.
*
O garoto havia vestido a camisa negra de mangas longas que vestiu antes de sair de casa. A bandana estava presa ao braço e as mangas da camisa grande estavam “em sanfona” até o antebraço. Apenas os pulsos estavam enfaixados e a luva – como sempre – estava presente. Atrás da camisa havia o símbolo do clã Sarutobi.
Katsuo entrou na antessala do Hokage, e não precisou entrar até que fosse chamado. A conselheira carregava um embrulho.
- Sarutobi Katsuo? – perguntou a velha, olhando para o rapaz.
- Sim, vim pela missão. – transparecia calma e indiferença.
- Você se parece muito com o seu avô. – disse a mulher, olhando para o garoto firmemente. Ele corou.
- Bem, eu cometi um erro. Espero que consiga consertá-lo. – continuou.
“As pessoas são responsáveis pelos erros que cometem.” – pensou Katsuo, apenas pensou.
- Entreguei uma correspondência importante por engano. Preciso que você encontre o Ibaki-san e entregue essa (dizia erguendo o embrulho que carregava na mão) correspondência a ele e traga a antiga.
- Okey. – respondeu o gennin, pausando antes de continuar sua única indagação. – Eu não sei pra onde foi o Ibaki, ou como ele é fisicamente.
A dúvida parecia sincera, e era realmente importante. A conselheira ponderou.
- Ele foi até a biblioteca, precisa encontrar alguém da Inteligência lá. Não sei qual rota ele escolheu... Ele usa um uniforme de carteiro, em seu peito tem um broche com o símbolo do país do fogo.
- Com essas informações, acho que consigo encontra-lo. Arigatou.
*
Sarutobi Katsuo havia pego a correspondência e saído. O prédio ficava do outro lado da vila, e ele teria de ser rápido. Respirou fundo e começou a correr.
O sol estava ainda mais quente (se isso era possível), e o garoto sentia a dor nos dedos depois de tantos socos na madeira. Sua corrida era por vezes interrompida por uma pessoa que passava por sua frente. Esbarrava em algumas, e pedia desculpas.
Esses esbarrões eram comuns, mas, as coisas comuns por vezes se tornam raras. E isso se aplica agora.
Qual a probabilidade do cara que te irritava no tempo de academia esbarrar e acabar ficando com o que estava em sua mão? Uma em um bilhão.
O rival (se é que podemos chamar assim) estava com a correspondência na mão, Katsuo por ventura havia esbarrado nele.
- Devolve. – disse o neto de Hadoumaru, calmo.
- Vem pegar. – dizia o garoto, girando e começar a correr. Ele era rápido.
- Nós não somos mais crianças! – dizia Katsuo começando a perseguição.
O garoto parecia ser mais rápido, estavam numa grande rua reta. E a inferioridade da defesa do Sarutobi era visível. A distância entre os dois só aumentava.
Katsu conhecia aquela rua, sabia que se fosse pela esquerda, poderia intercepta-lo na próxima esquina, dobrou. O outro garoto não estava olhando para trás.
Quinze segundos se passaram, o cruzamento havia chegado. Quando Katsuo olhou para os lados, viu que o garoto havia tomado outro caminho.
“Kuso!”
Havia três cruzamentos possíveis, ele teria de escolher um daqueles. Correu pelos olhos, enquanto o tempo corria. Viu uma mancha diferente, se movendo na parede. Abriu um sorriso largo e correu em velocidade em direção a mancha. Saltando com os dois pés na parede.
*Ouch*
O adversário caia, mas, não estava com a correspondência na mão.
- Onde está a carta? – perguntou firme.
- Eu deixei no meio do caminho. – disse o garoto caído, tentando recobrar o ar.
“Kuso!”
Voltou, correndo em direção ao caminho de volta. Procurando a carta, a viu no meio de um arbusto, o pegou.
Respirou fundo, começando a correr na direção do prédio de Konoha. Corria os olhos por todo o local. Passou por algumas ruas, e nenhum sinal do carteiro. Olhou para frente e viu o garoto que estava afetando toda a sua vida.
- Não quero te machucar. – avisou o neto do Hadoumaru.
O garoto sorriu em deboche, e quando Katsuo deu por si não conseguia mais reconhecer o cenário.
Havia dor, e sofrimento ao seu redor. Ele gritava com medo, olhava para os lados e via as pessoas morrendo e caindo no chão com estacas no peito. Ele recuava. Era daquele jeito as guerras?
Suas mãos tremiam, e ele recuava. Sua respiração estava acelerada. O suor em sua testa era acima do normal.
Do nada, as coisas voltaram ao normal. Suas costas haviam batido num preto exposto na madeira das cercas e o despertado do genjutsu. O “inimigo” estava de joelhos, cansado depois de produzir a ilusão.
Ele queria ficar e dar uma surra no moleque, mas, sabia que tinha prioridades. Se recompôs e começou a correr. O garoto não era como os lobos do dia anterior, você não podia simplesmente mata-lo e deixa-lo na floresta.
*
Depois de um tempo, chegou na rua que dava em frente ao prédio da Inteligência. Havia um homem saindo, a descrição idêntica a que ele tinha recebido da senhora Conselheira. Correu em sua direção.
- Hey! Eu tenho notícias da conselheira, ela te entregou a correspondência errada. – explicava o gennin.
- Eu acabei de entregar a correspondência a recepcionista. – respondeu o carteiro, dando de ombros. – Fala com ela pra corrigir o erro.
Katsuo não respondeu, atirou-se rapidamente em direção a porta. A recepção estava vazia. A sala estava vazia, tinha uma escada na esquerda e outra na direita.
- Outra vez caminhos pra subir...
Seguiu pela escada da esquerda, subindo em velocidade. Deu sorte. Ao chegar ao fim das escadas a recepcionista batia numa porta ao fundo.
- Espeeeeeeeeeeeeera!
A moça olhou para o garoto que havia acabado de surgir atrás dela. Havia medo e dúvida.
- Eu posso explicar. – dizia, calmo.
- Essa correspondência que está na sua mão, não é a correta.
A moça continuou a olhar com desconfiança, mexendo no trinco da porta nervosamente.
- Essa é a correspondência correta. – dizia erguendo a correspondência. – A conselheira me mandou pra corrigir um engano.
- Qual o nome da conselheira. – perguntou a recepcionista rápido. Voz trêmula.
- Eu não perguntei isso a ela.
A mulher continuava a olhar pro garoto, desconfiado.
- Eu estou falando a verdade, dizia exibindo o protetor de metal que estava preso no braço.
A mulher respirou fundo, parecendo que tinha por fim decidido que ele estava certo. Ela devolveu a correspondência que estava com ela e pegou o que estava com o Sarutobi, que agradeceu e foi devolver a outra correspondência no prédio do Hokage.