Assim que nos aproximávamos do local, uma jovem moça muito atraente vinha ao nosso encontro, embora sua beleza fosse irradiante o seu olhar fulminava de raiva em nossa direção. Três homens a acompanhavam, e sem sequer pedir licença foram apanhando os caixotes e levando para dentro da casa. A moça veio em minha direção como um tigre que está prestes a abater sua presa e sem titubear nas palavras disse quase gritando:
- Dez minutos! Menos de dez minutos para começar a festa, e vocês só me chegam agora com a comida!? Aghrr...
-Encomenda foi entregue antes de a festa começar, certo?
-Sim, mas...
-Sem atraso, sem dano na encomenda... se nos der licença ainda temos trabalho hoje moça. Boa festa!
Os olhos dela flamejavam, e eu tenho que admitir... me diverti com a situação. Chamei os outros dois e nos encaminhamos de volta ao Ichikaru
Ichikaru.
Cheguei ao restaurante já um pouco cansado, embora o meu carrinho tivesse um peso desconsiderável, depois de meia hora de caminhada não era o que meus braços informavam ao cérebro. Ao entrarmos, o Tio do Lámen nos chamou rapidamente ao porão, com seu sorriso estampado no rosto “não gosto desse sorriso... nem um pouco”.
Já no porão o senhor nos mostrou seis caixas medianas:
- Só precisam entregar essas caixas na casa da senhora Linn... Mas
“Hum... sabia, estava muito fácil!”
- O conteúdo delas é muito frágil, não podem ser levadas correndo em meio à floresta, nem conduzidas em seus carrinhos, pois o balançar irá quebrar o que tem dentro delas...
Intrigado, não me contive e perguntei:
-Mas afinal Senhor. O que há dentro dessas caixas?
O olhar do Senhor se voltou para mim, a sua voz era ríspida e seca:
-Isso não é de seu interesse garoto, sua missão é entregá-las intactas e seguras!
Entendeu!?-Saindo de costas para nós voltava à cozinha, antes que os pedidos começassem a se acumular, parou diante a porta e então falou em um tom mais calmo - Vocês têm trinta minutos para estar lá, após essa entrega estão liberados. Passem na sala dos regentes e os notifiquem que todas as entregas foram feitas.
E então finalmente o homem saiu do porão, e estávamos novamente parados ali olhando um para o outro, Saito encarava-me recostado, com um dos pés apoiado na parede e braços cruzados... tínhamos pouco tempo, e mais um desafio a superar. A casa da senhora Linn ficava a uns vinte minutos dali “se levarmos todos os caixotes juntos não teremos problemas com o tempo” mas o que precisávamos mesmo era de uma maneira de levá-los sem quebrar a encomenda.
Com a mente ainda pouco atordoada, sai do porão para fora do restaurante, os garotos me chamavam em uma tentativa frustrada de me conter... mas eu precisava organizar as idéias, para enfim encontrar uma solução. Já do lado de fora do Ichikaru olhava o movimento na rua e só então quando o aroma do Lámen de porco passou pelas minhas narinas vim me dar conta! Estava morto de fome “Não precisa ser nenhum Inuzuka para reconhecer este cheiro... hmmmm” quando finalmente abri meus olhos e parei de ver a tigela de Lámen quentinho que já se projetava a minha frente, me deparei com os carrinhos que havíamos deixado na frente do restaurante quando chegamos “Ora, ora vocês vão salvar o dia novamente hein ??”
Correndo de volta ao porão, quase derrubando a refeição de um Chunnin que se encontrava perto balcão, fui de encontro a Luis e Saito
-Venham rápidos! Achei uma solução - Correndo novamente para fora, agora com meus companheiros me seguindo, me postei diante os carrinhos e disse - - Vamos tirar as rodas com o eixo, acloparemos duas plataformas usando alguns pregos. Pronto, aí teremos só uma plataforma com hastes para carregar todas caixas de uma só vez !
Rapidamente montamos, e logo já estávamos a sair afim de não perder tempo. Como estávamos levando seis caixas de uma só vez e a plataforma só permitia que duas pessoas carregassem o objeto pelas hastes (um a frente e outro atrás) e além de tudo nos encontrávamos relativamente cansados, fizemos um sistema de revezamento, pelo menos assim manteríamos um bom ritmo.
Após uns dez minutos de caminhada em meio à floresta percebi algo estranho... instintivamente ativei meu Byakugan e avistara os dois garotos de preto que já havia visto mais cedo. Mas para infelicidade deles eu já estava preparado.
O ataque surpresa.
Três garotos: um Inuzuka e um Uchiha carregando a encomenda... aquela que era o motivo de estarem ali. Além dos dois, outro Hyuuga na retaguarda fora o lobinho que os rondava impaciente. Aparentemente presas fáceis, os dois garotos, com vestes totalmente negras já espreitavam a frente esperando o melhor momento de agir.
Não demorou muito, os dois saíram da penumbra das arvores atacando os ninjas de Konoha, os dois garotos que levavam a encomenda foram obviamente o alvo primário. Empunhando kunais em suas mãos, os dois garotos surgiram do alto acertando e cheio eles... entretanto, as expressões em seus rostos apáticos deixou claro que o resultado não era o que eles esperavam.
Na verdade eram bushin no jutso, somente ilusão que sumiu assim que atacaram. Com a cabeça baixa e um olhar voltado para cima, de forma sarcástica, olhei para os garotos e falei:
-Ops... alvo errado. Que tal tentar de novo?
Abrindo os braços de forma provocativa chamei um dos garotos para luta. Não hesitou, o garoto que estava mais próximo e ainda com a kunai empunhada veio em disparada na minha direção, assim que se encontrava alguns metros, bastou apenas cinco selos e pronto... a investida do ninja de preto foi perfeita, o seu corpo totalmente impulsionado a frente com a kunai pronta a tirar uma vida, que para azar dele, foi a sua própria vida !
Bode, javali, boi, cachorro e cobra e estava feito o Kawarimi no Jutso, um pedaço de madeira surgia então na frente do ninja, mas não era qualquer madeira, ela estava escolhida e “armada” com uma kibaki fuuda ... a explosão ecoou pela floresta. Um já havia sido abatido, restava o outro.
O outro ninja de preto estava estático, tudo havia ocorrido numa rapidez que parecia que seu raciocínio ainda não havia acompanhado todos os fatos, o medo era claramente visível em seus olhos. Não tardou para ser surpreendido por Saito e Luis, a luta era um pouco covarde, três contra um. Facilmente consegui machucar internamente alguns órgãos do ninja com o Juuken Ryuu.
Já abatido no chão o levantei contra uma arvore, pressionando com uma kunai em direção ao seu pescoço, ele quase já não tinha forças:
-Quem foi que lhe mandou? Quem!?
O olhar do garoto já não demonstrava medo, e sim revolta, raiva, embora fisicamente fosse incapaz de esboçar alguma reação. Em uma atitude inesperada, segurou minha mão, no primeiro instante achei que tentava se livrar, mas na verdade ele premia a arma em si mesmo e quando vi minha kunai já estava estacada no pescoço dele e seu sangue já escorria em minha mão... o segundo ninja também estava morto.
A casa da Senhora Linn.
Após o ocorrido o grupo seguiu o resto caminho em um silêncio mortal, eu não sabia mais o que pensar “o garoto preferiu a morte, a revelar quem o mandará... que diabos têm nesses caixotes? Quem estaria interessado nessa encomenda? Tamanha fragilidade e cuidado para que?” os questionamentos eram muitos, e poucas as respostas que se tinha.
Chegamos à casa da Senhora Linn em ponto, batemos na porta e quem nos atendeu foi um rapaz. Não precisamos nem nos dar ao trabalho de explicar, ele já sabia do que se tratava, parecia já estar instruído para recebê-las. Colocamos a encomenda logo na frente da casa e saímos em direção à vila.
Já estava parado em frente à sala dos regentes, após notificar que a missão havia sido concluída com sucesso e todos os imprevistos ocorridos, inclusive a localização dos corpos dos ninjas mortos durante batalha, o grupo foi liberado e recompensado pelo trabalho... todo sujo de sangue, retirei a parte de cima do kimono pelos ombros e deixei recair pela cintura, amarrada pelo obi. Embora minha cabeça ainda estivesse atordoada com tanta informação, no momento só conseguia pensar em uma coisa... uma tigela quentinha de Lámen !
Última edição por Hyuuga Eiko em Dom Fev 05, 2012 3:25 pm, editado 1 vez(es)