Yukio fazia cara de irritado quando Akemi sugeria dele ficar no caixa, embora ele estivesse planejando ficar por lá mesmo, ele não era... Como disse Akemi... Delicado para trabalhar fazendo arranjos e essas coisas, ainda mais quando não sabia nem nome das flores e não conhecia literalmente nada sobre o assunto e Akemi que estava acostumada com essas coisas se daria muito melhor.
“Depois de ver aquele jardim, a mãe dela não cuida sozinha, então com certeza ela ajuda”
Ele levava na brincadeira e sorria dizendo que Akemi quem era a delicadeza em pessoa, embora fosse mais desastrada que ele, mostrava a língua para ela e agradecia Otohime. Yukio andava até o caixa que ficava no fundo do stand e ficava atrás dele, via a caixa de dinheiro e tudo arrumadinho, havia espaço para as notas ficarem abertas e uns espaços para moedas, e ficava curioso em saber o motivo de serem quadrados, mas deixava isso pra lá, puxava para um dos lados e arrumava um pouco o dinheiro que já estava lá (que possivelmente era para o caso de precisarem de troco logo no começo), havia também um banquinho de madeira que sentado ficava certinho na altura do caixa, mas preferiu ficar de pé por hora.
Ele aproveitava o momento antes de começarem os clientes e observava o local cheio de prateleiras e arranjos prontos. Respirando fundo podia sentir os diversos cheiros de flores e perfumes do local, isso o deixava um pouco tonto por tentar assimilar tantos cheiros que não estava acostumado. Deixava isso de lado e pegava um caderno, ali estavam todos os preços dos arranjos, separados por tipos, cores, numero de flores e alguns outros detalhes que não importavam muito. Pegava o caderno e tentava fazer uma lista mentalmente, gravava alguns poucos, apenas três ou quatro nomes que conhecia e gravou o preço dos arranjos, havia outro caderno onde estava escrito “buquês”. Yukio olhava mais o que tinha a sua disposição e achava um panfleto que havia a data e o nome do feriado. Ele ficava um pouco surpreso em pensar que aquele era um suposto “Dia dos Namorados”, logo quando terminava de ler, tacava o panfleto de volta no lugar e corria seus olhos pela frente do stand, via primeiro Otohime que olhou também pra ele parecendo despreocupada e sorriu voltando ao trabalho, depois via Akemi e a encarava por uns instantes, ela não o olhava e ele ficou um pouco feliz por isso, mas quando ela erguia a cabeça, mesmo que não o olhando, ele desviava o olhar fingindo estar fazendo algo.
Logo os primeiros clientes começavam a chegar, Yukio estava calmo, mas ainda assim lia toda hora a lista que possuía. Volta e meia Otohime quando estava por perto, o ajudava com os preços, mas ela não podia ficar muito longe da frente da loja, então Yukio precisava caçar o nome e o preço de algumas flores que ainda não havia conseguido gravar. Ele estava tendo sorte, os primeiros clientes estavam pacientes e não se importavam em esperar um pouco. Ele aproveitava o movimento calmo da manhã para conseguir gravar o máximo de nomes possíveis, pelo menos os mais pedidos, para assim agilizar o seu trabalho. Yukio não possuía dificuldade em contas e nem em mexer com dinheiro e isso facilitava também.
Passando-se algumas horas, o movimento começava a aumentar, as flores do clã Yamanaka eram bem famosas. Yukio se esforçava o máximo para atender o mais rápido que conseguia, mas aos poucos uma fila estava se formando e isso deixava Yukio nervoso e mais atrapalhado, além de fazê-lo esquecer dos preços de coisas que já havia gravado antes. Volta e meia respirava fundo e tentava manter a calma, ele era bom nisso e conseguia contornar algumas situações, além de pedir para facilitarem o troco, o que fazia as pessoas procurar nas bolsas pelo dinheiro e nesse tempo ele confirmava os preços.
“Mantenha a calma Yukio. São só pessoas. “
Ele voltava a atender todos sorrindo, mesmo quando reclamavam da demora do atendimento. Logo a caixa de dinheiro estava bastante cheia para um começo de dia. Yukio estava completamente concentrado no que fazia, mas pelo canto do olho observava um movimento pelo lado do caixa, mas olhava e não via nada.
“Estou ficando louco já?“ Ria internamente por achar estar ficando louco com tantas pessoas e flores.
Yukio olhava para Akemi sempre que tinha chance, parecia estar tendo facilidade no que fazia e isso o deixava mais despreocupado. Admirava as habilidades de sua amiga.
“Ela está tão... diferente, parece mais...” Ele se interrompia e focava no caixa.
Novamente percebia pelo canto do olho um movimento, mas novamente ao olhar para o lado não via nada. Ficava agora desconfiado, mas fingia não ligar.
-Devo estar ficando maluco mesmo- Mentia.
Olhava agora para a fila que voltava a se formar, por mais que estivesse indo mais rápido e gravando aos poucos os preços, as pessoas chegavam mais rápidas que ele atendia.
“Não sabia que existiam tantos casais assim aqui na vila” Pensava passando seu olhar pela frente da loja.
Novamente ele percebia o movimento, dessa vez bem perto e concentrava seu chakra, sentindo-o fluir pelo corpo e se concentrar pela mão esquerda. Tentava pegar o dinheiro apenas com a mão direita um pouco, mesmo que isso o atrasasse um pouco. Olhava para cima e pelo canto do olho percebia novamente o movimento, então com um súbito e repentino movimento, lançava sua mão onde havia visto o vulto e fazia como se fosse agarrar algo e de fato conseguia.
-Ai!- Havia um tom de surpresa vinda do nada.
-Apareça.- Dizia Yukio num tom frio e seco.
Abaixado se esgueirando pelo canto do caixa, estava um garoto, parecia ter por volta de 10 anos, mas parecia habilidoso, estava usando uma capa de camuflagem, tentava se soltar, mas Yukio o segurava mais firme, ainda concentrando o chakra katon na mão como fazia nos treinos.
-Me larga! Você está me queimando!- O garoto parecia agora alarmado.
Um jounnin interrompia Yukio que estava prestes a falar, ele acabava de ser atendido e percebia as vozes quando estava quase saindo e voltava para ver. O jounnin segurava os dois braços do garoto e Yukio o soltava com um olhar penetrante e assustador, bem diferente do habitual. O jounnin pedia para que Yukio não se preocupasse e que iria resolver aquilo, ele podia voltar ao trabalho sem se preocupar.
Yukio respirava fundo e pedia desculpas para o próximo cliente que dizia não ter problemas. Voltava ao atendimento normal quando Otohime o interrompia.
-O que aconteceu?- Parecia preocupada.
-Nada demais, apena uma criança aprontando, já foi resolvido o problema, mas você tem algum cofre?- Ele sorria parecendo que nada havia acontecido.
Ela respondia balançando a cabeça, não parecendo muito satisfeita e se abaixava por trás do caixa pegando um cofre pequeno. Yukio agradecia enquanto ela voltava para frente para ajudar Akemi. Ele pegava o cofre e o abria, colocava boa parte do dinheiro lá e o trancava, colocando a chave presa ao pescoço. Voltando ao atendimento logo em seguida.