Sarutobi Joki, após ajudar a tão-bondosa Wakai-sama em sua última missão, visita o mural do prédio do Hokage para ver se tem alguma tarefa a ser feita. Seu trauma já era coisa do passado e ele estava ansioso para fazer o sangue correr mais forte nas veias.
-Ok, vamos ver... levar um mercador para Iwagakure... pescar uma truta para o Dia dos Trutas... investigar a morte de galinhas em Chikaku no Mura... entregar uma ca- então o nome "Chikaku no Mura" brilha na mente de Joki - Ah, lembro desse nome de algum lugar... só não sei de onde. Enfim, já sei o que vou fazer hoje.
Após passar na Wakai-sama e comprar bolinhos de arroz suficientes para os quatro dias de viagem, o jovem falou com o Chuunin responsável pela missão e, levando seu equipamento, foi para o destino determinado.
Algumas horas após sair da vila, ao entardecer, Joki resolveu fazer uma boquinha e aproveitar para pensar sobre a missão. O que faria se visse o motivo das mortes das galinhas? E se seu jutsu falhasse novamente, como quando fugia dos lobos? E se...
Neste momento o nome "Chikaku no Mura" veio a sua mente. Ele estava realmente intrigado com aquele nome, mas não sabia porque. Apenas sentia algo estranho, parecido com um vazio.
-Ah, deve ser a fome. - Pensava enquanto comia mais um bolinho.
Após isso, aproveitou para cortar, improvisando a Fuuma Shuriken, lenha para a noite, já não muito quente desde alguns dias.
-E para acender, como faço? - pensou consigo mesmo.
Então veio a cena traumática em sua mente. O medo. Os lobos. A falha da técnica, que era uma herança de seu clã. O que seu pai acharia de ver seu filho falhar tão miseravelmente?
-AAAAAAAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH - Joki batia com a cabeça num tronco de árvore, ação típica quando se irritava - EU SOU TÃO BURRO!
Então viu a madeira ali, como que pedindo para acender em chamas. Joki fechou os olhos, tomou fôlego e coragem e, novamente, fez o selo do Tigre com as mãos:
-Katon: Endan!
Endan (Explosão de Fogo)
Quem usa:
Pontos: 7
Rank: D
Selos: Nenhum.
Descrição: Sem a utilização de selos, o usuário dessa técnica atira uma bola de fogo da boca, parecida com o Goukakyuu no Jutsu, mas com a bola de fogo menor.
[A porcentagem determina a distancia máxima de alcance do Jutsu sendo 6 metros quando estiver no 100%]
Dano: 1d8+Habilidade
Quando abriu os olhos, viu uma pequena labareda, maior que a fagulha da outra vez, mas nada comparado à sequer uma chama de uma tocha.
-Como eu vou vencer alguém, se nem naquilo que eu deveria ser bom, eu consigo ser... - E Joki foi dormir triste e desmotivado.
Ao amanhecer, mais animado, o gennin voltou ao seu caminho. Os pássaros já estavam cantando e a noite anterior, sumido de sua memória. Aproveitou o caminho para correr sobre as árvores e treinar saltos mais longos e mais precisos, para não correr riscos como da última vez.
Após mais um dia de viagem, chegara em Chikaku no Mura. Era um lugar bem pacato e, no mínimo, rural.
-Arra, muié! Mininos! Vem vê o que eu tô venu! É um daqueles ninja de tudo, óia! - Berrava um morador local.
Em poucos segundos, apareceram dezenas de pessoas para ver Joki. Era como ver um heroi para alguns, mas era como ver um monstro para outros.
-Então cê é o "ninja" que veio atendê o pedido que fizemo pra Konoha?! - Dizia com desdém o chefe do vilarejo - Mas cê parece um bezerro desmamado, sô! Acho que eles tão é de paiaçada cum nóis!
-Senhor, eu vim para cá com plena consciência de que tenho de investigar a morte das galinhas da região, e posso assegurar que farei o melhor para manter, de agora em diante, a vila segura.
-"Assegurarrrr"? Tu num sigura nem dois barde cheio, mocin! Mais vamo fazê assim: se tu fizé pará de morrê nossas galinha, lhe dou esse sacão de dinhêro aqui - E balançava um saco com mais ou menos 500 ryo.
-Por mais que eu não precise disso, pois a vila já me paga, eu aceito o desafio.
Então o líder da vila levou Joki para o galinheiro comunitário da região, para averiguar e tentar achar pistas. No local, além de penas e restos de animais, via-se uma estranha pegada, algo como uma pata de cavalo, mas com dedos de algum felino ou canino.
-Bem, agora já está anoitecendo. Vou ficar na espreita do galinheiro, para quando o "monstro" vier.
-Num carece não, minino - Disse o líder do vilarejo com um sorriso no rosto - o bicho ataca só dia par, então só amanhã a noite que cê pega ele. Vô pô tu pra durmi com meu fi, o Makoto. Ele vai gostá de tu, ele sonhava em sê ninja quando muleque, mais eu mandei ele ficá aqui, achei mió, essa vida docêis é toda doida. - Joki não estava indo nenhum pouco com a cara do senhor ao seu lado.
Então dirigiram-se à tal casa e, chegando lá, uma cena aterradora: restos de corpo humano totalmente estraçalhado e manchas de sangue por toda a sala principal. No chão, próximo ao corpo, um agasalho e um par de calçados, manchados. Além disso, os móveis estavam todos revirados
-MAKOTOOO! - Gritava o pai, desesperado e já chorando - O que fizeram com tu, meu fi! Esse bicho vai pagá! Eu mato ele nem que ele me mate junto! - E saiu correndo para alertar sobre o ataque.
Joki ficou no local. Como algo ou alguém poderia fazer algo como aquilo? E viu um retrato desenhado da vítima, que parecia ter uns 18 anos, ser saudável e alto.
-Pobre alma, que descanse em paz...
Os moradores da vila procuraram a noite toda por vestígios da fera, mas nada foi encontrado. E as galinhas também não foram atacadas desta vez.
Durante o dia, as pessoas armaram armadilhas e cordas para pegar o assassino da próxima vez que ele aparecesse nas redondezas. Todos estavam tristes, cansados e desesperançosos.
Á noite, Joki começou a agir. Escondeu-se junto a um monte de forragem que havia próximo do galinheiro e ali ficou por um tempo. Um tempo e meio. Ficou ali até meia noite, quando começou a ouvir um barulho de passos de cavalo.
-Será que são cavalos carnívoros assassinos?! - Joki estava ansioso e curioso.
Mas o que viu não era nada do que esperava. Três homens encapuzados cavalgando três cavalos e carregando facões e uma lança entraram no galinheiro por umas tábuas soltas do local. Então, o que parecia ser o lider disse em voz baixa:
-Peguem os sacrifícios do mestre!
Joki pensou em manifestar-se, mas queria ver até onde isso ia. Viu os homens espetarem as galinhas, que agonizavam, mas antes que alguém percebesse a cabeça era decepada pelo facão. Três galinhas pegas, e os malfeitores fugiram por onde entraram. Joki os seguiu de perto.
Foi difícil acompanhar a pé na mesma velocidade que os cavalos. Isso só foi possível por causa do treino de dias atrás e da floresta próxima para camuflar o shinobi.
A perseguição terminou na entrada pequena caverna, onde os encapuzados apearam dos cavalos e entraram com os animais mortos.
-Espero que o mestre goste desses petiscos - Dizia um dos homens - Eu nem sei o que ele pode fazer se ficar bravo.
Joki, ouvindo isso, começou a agir. Usando-se das sombras da caverna, ele infiltrou-se junto dos ladrões e os seguiu a uma distância média. Pouco tempo depois, algo realmente surreal: Um homem, com o corpo todo deformado, tendo várias lâminas implantadas nos braços e nas mãos, além de um rosto totalmente invertido: Boca acima das narinas, que vinha logo sobre os olhos esbugalhados.
Vendo tamanha bizarrice em sua frente, Joki acabou por chutar uma pedra, revelando sua localização. Ao deparar-se com a situação, o pequeno Sarutobi não tinha muito tempo para pensar. Os encapuzados viraram-se para ele e tiraram suas capas. O gennin então teve uma nova surpresa: um dos subordinados do monstro era ninguém menos que o filho do chefe da vila, Makoto!
-Como assim! Você não tinha morrido?! Nós vimos o seu corpo na sua casa! - Joki não tinha a mínima noção do que estava acontecendo.
-Vocês ninjas novatos não são nada espertos... - Makoto parecia realizado - Se meu pai não tivesse sido tão idiota e me prendido nessa vila caipira, eu hoje seria um ninja de alto nível! Mas mesmo assim eu conseguirei poder! Com meu mestre, Shinoni, posso aprender a Ishoku Kata no Jutsu, onde terei armas implantadas no corpo e ser o novo chefe da aldeia... e quem sabe eu não possa fazer um exército e ir para Konoha me divetir, hein? E hoje eu serei iniciado, oferecendo como sacrifício... VOCÊ!
Joki estava gelado por dentro. Agora lembrava de onde vinha a sensação estranha ao ouvir o nome Chikaku no Mura. Era a vila de onde vinha a técnica Ishoku Kata no Jutsu, onde homens implantavam armas em seus corpos para ter vantagem em lutas físicas, em detrimento das outras formas de técnica. Segundo sua mãe, um shinobi de Kirigakure, usuário desta técnica quase que desconhecida (ainda mais para um gennin), foi o responsável por assassinar o tio de Joki, Sarutobi Shiki. Isso o deixava ainda mais inseguro. Além disso tudo, ele se deparava com três homens mais velhos que ele, com uma lança e um facão cada, além de um monstro de dois metros com um sem-número de lâminas em seu corpo. Além disso, estava cansado de correr. Mas então ele se lembra de uma coisa. Do seu sonho. Da Vontade de Fogo que o acompanha no sangue. Do seu dever de eliminar os usuários desta técnica tão macabra que tirou a vida de um ente seu. Da missão de um ninja.
-Eu acho que você vai ter que lutar muito por esse sacrifício aqui - E um sorriso não muito adequado lhe aparece - e eu duvido que, mesmo que me mate e complete esse ritual macabro, nem mesmo a vila de Chikaku no Mura você dominaria, seu pai é simplório mas parece ser bem determinado, não deixaria um retardado como você vencê-lo.
-CALA A BOCA PIVETE!!! EU VOU TE MATAR AGORA!!! - Makoto e os outros dois capangas avançaram em Joki.
Joki pensou rápido (uma de suas qualidades): Sacou uma kunai e atirou num dos homens, que desviou rapidamente, porém foi atingido por um chute em cheio no rosto, que fez o malfeitor bater a cabeça no chão e desmaiar. Aproveitando-se da posição vantajosa, o segundo criminoso puxou o facão e desferiu um golpe em direção ao ninja. Ele pôde até sentir a lâmina cortando algo no meio. Só que não era o que ele queria acertar, pois Joki, utilizando um Kawarimi no Jutsu para escapar, trocou de lugar com um galho que estava próximo. Nesse momento o shinobi conseguiu acertar a perna do homem com a kunai que estava no chão (a mesma do arremesso inicial), fazendo o ladrão cair numa poça de sangue e gritos de agonia. Faltando apenas um dos capangas, pegou uma de suas shurikens e atirou em Makoto. Mas para sua surpresa, Makoto parou a estrela ninja com uma mão, que revelava ser "postiça", feita de um tipo de madeira, já que há tempos preparava seu corpo para receber as armas do ritual.
-HAHAHAHAHA! POBRE MULEQUE! NEM ACERTAR UM GOLPE CONSEGUE! - Dizia Makoto, rindo ensandecido, retirando a shuriken com a outra mão - AGORA EU IREI ARRANCAR SUA CABEÇA E
-Kai! - Joki interrompia o seu oponente, fazendo um selo de mão "in". Nesse momento há uma grande explosão na caverna, mais precisamente na mão de Makoto. A shuriken era apenas um artifício, sendo que o verdadeiro ataque foi uma kibaku fuuda que estava embaixo da estrela. Naquele momento houve um pequeno deslizamento, resultado da explosão, que acabou acertando as pernas do assassino.
-Você... mesmo que vença de mim... haverá sempre quem busque esse poder... de um jeito ou de outro... - Makoto acabou desmaiando por causa dos ferimentos.
-Muito bem, jovem - Incrivelmente, o "monstro" falava - agora que você mostrou ser melhor que estes ratos que me alimentavam, por que não se torna meu novo aprendiz?
-Você tá maluco? Eu jamais seria como um destes idiotas que te serviram! Eu vou por um fim na sua vida e nesse ritual ridículo!
Agora, Shinoni levantava-se para atacar o ninja. Joki sabia que não adiantava usar armas, já que elas seriam provavelmente defendidas por uma das lâminas. Enquanto voltava desse pensamento, Shinoni desferiu um golpe com o braço direito em Joki, mas ele conseguiu sair a tempo de sofrer algum grave dano. Apesar disso, cortou o braço com uma das lâminas, abrindo um pequeno corte. Vendo o sangue correr fora do seu corpo, o ninja sentiu uma vontade de viver (ou de não morrer) sobrehumana e, num ato mais instintivo do que lógico, somente conseguiu dizer:
-KATON: ENDAN!!!
Surpreendentemente, formou-se um pequeno lago de fogo, que ainda beneficiava-se do local cheio de galhos secos que eram trazidos para fazer as tochas que iluminavam a caverna. Mesmo tentando esquivar-se, o ser macabro acabou sucumbindo às chamas, sobrando apenas as lâminas chamuscadas que integravam seu corpo. Quando recobrou a totalidade de sua consciência, Joki via a estarrecedora cena. Três homens feridos, incapazes de agir e uma aberração morta, ainda em brasas. Nunca tinha matado um ser "humano" antes, e agora sentia-se fadado a um destino. O destino ninja de matar ou morrer. Matar para sobreviver. Ao menos tinha sucedido na missão e os malfeitores não iriam mais importunar a vila.
Voltando ao vilarejo, explicou todos os detalhes do embate travado na caverna. O líder do local não quis inicialmente acreditar que seu filho seria um criminoso e participante de uma seita. Mas ao vê-lo naquelas condições e o braço transformado, não teve dúvidas e prometeu que iria aplicar severas punições aos três assassinos e deixaria Joki levar as lâminas de Shinoni para Konoha. Eram boas lâminas de tamanho de uma katana, feitas de um metal escuro, mas muito resistente. Além disso, recebeu do líder da vila o saco de ryo prometido.
Joki sentia-se conturbado com tudo que tinha visto, mas estava feliz por ter executado seu jutsu com perfeição. Na volta, teve bastante tempo para pensar na vida e nos rumos que ela tomaria. Além disso, sua vontade de avançar no caminho ninja só crescia.